sábado, 26 de março de 2016

O que são Potências Mundiais e como são diferentes das demais (potências)?

Introdução

O sistema de Estados da modernidade inclui, primeiramente, relações organizadas entre unidades políticas independentes. Isso é o principal ponto para compreensão de toda a estrutura do sistema de Estados existente a partir do século XVI. Segundo Martin Wight (2004), principal autor pesquisado para a confecção deste trabalho, antes desse período os Estados não conheciam a soberania. Portanto, nenhuma nação ou nenhum Estado iria repudiar qualquer outro poder que fosse superior. Existia, no período medieval, entre os séculos XI e XII, o poder da Igreja, por exemplo, o qual impedia o surgimento de qualquer poder maior.

Com isso, não é considerado pertinente aceitar a soberania e unidades políticas independentes como uma regra seguida no percorrer da história. Imprescindível ressaltar que houve uma transformação, durante a Idade Moderna, mais precisamente no ponto em que ocorre a Paz de Westfalia, na qual foram aprimoradas as iniciativas de soberania de Estados e, não com menos importância, o equilíbrio de poder. 

Após a Era Moderna, no século XX, percebemos a transformação mundial após a Segunda Grande Guerra sob o panorama da Guerra Fria, onde duas superpotências (EUA e URSS) permaneciam no controle termonuclear. Demétrio Magnoli enfatiza que esse conflito foi, ao mesmo tempo, uma cooperação: “As superpotências termonucleares estabeleceram um conflito que repercutiu em todos os planos: os modelos econômicos, as instituições políticas, a diplomacia, a ideologia e a propaganda, os dispositivos militares (e) os contendores respeitaram escrupulosamente as linhas demarcatórias e das respectivas esferas de influência” (MAGNOLI, 2006, p194).

Serão discutidos, neste texto, os poderes das antigas potências, suas corridas em busca de influência e de dominação, além das diferenças das suas características e relacioná-las com o principal texto sobre o assunto, lido durante o curso de Introdução ao Estudo das Relações Internacionais. Para isso, haverá breve pesquisa em livros factuais, como “A Era dos Extremos”, de Eric Hobsbawm e de autores brasileiros.


O que são Potências Mundiais?


Wight afirma que o poder de uma potência baseia-se em componentes primordiais como número da população, extensão territorial, economia, produção, educação, tecnologia, entre outros. Potências antigas, como França e Inglaterra, ou potências que ainda surgirão com grande poder, consideram como peças-chave a liderança moral e maturidade política, apesar de, na Política Internacional, influência não significar poder.

Com a afirmação acima, vale destacar que, no panorama político internacional do final do século XIX, a Europa Ocidental traçava sua política que iria ditar a navegação, a produção e o comércio e os limites das conquistas da África – regras do sistema imperialista – porém não contava que grandes Estados no momento, como Itália, Japão e Alemanha, que esboçavam seus lugares como potências mundiais, iriam em pouco tempo encontrar o enorme colapso social, econômico e político pós-guerra.

As potências já consolidadas, como Áustria e França, procuravam manter-se na frente daquelas que estavam surgindo. Havia então uma corrida imperialista, na qual estados desejosos de serem potência e outros estados já considerados como potência buscavam territórios ultramarinos com o intuito de se destacarem no cenário político da época. É evidente esse fato histórico para constatar os esforços que as potências faziam para obter o domínio do sistema de Estados, a ponto de culminar numa grandiosa guerra, através de sucessivas tentativas de dominação.

Quanto às potências dominantes, elas devem ser definidas em termos de propósitos e de poder. As potências se engajam, segundo Wight, num processo de engrandecimento, incluindo de alguma maneira apelos para unidade ou para a solidariedade internacional. Diplomaticamente, porém, o termo “potência dominante” não seria aceitável, pois o próprio conceito de hegemonia seria questionável. É possível estudar, por exemplo, as “inter-relações diplomáticas normais”, a diferença entre grandes potências e outras potências.

As “pequenas potências” estariam dependentes das decisões das maiores, por meio de uma aceitação já conhecidamente tradicional e histórica. Essas grandes potências juntariam-se com outros grandes para reunir-se em uma espécie de diretório para impor vontades sobre os Estados.

O poder nas relações internacionais pode ser dividido de acordo com a estrutura dos Estados, podendo ser chamados de médias potências, grandes potências, superpotência, potência regional, por exemplo. Todos eles relacionados com a preponderância, não necessariamente com o sentido de unicidade no panorama mundial. Potência dominante seria, em termos de definição política, uma potência apta a medir forças contra todos os rivais juntos.

Potências podem ser definidas como estados que possuem determinada força influenciadora em campos econômicos, militares e políticos. Segundo o Dicionário de Política organizado por Norberto Bobbio, o Poder Potencial (não a potência em si) “é a capacidade de determinar o comportamento dos demais” (BOBBIO, 2000, p. 936). Há a distinção, de acordo com a obra, entre Poder atual (relação entre comportamentos) e o potencial, que consiste na relação entre atitudes para agir. De uma forma geral, essa idéia pode ser trazida para ajudar a definir o que são potências, tendo em vista, cabe frisar, os recursos que o estado ou nação possui para tornar possível seu reconhecimento como potência mundial.

Durante a passagem da Idade Moderna, com as transformações ocorridas com as Revoluções francesa e americana, reinos, impérios e repúblicas tornar-se-iam iguais do ponto de vista diplomático, devido ao abandono da antiga ordem de precedência entre os soberanos (com base nos títulos mais antigos). A doutrina de igualdade jurídica entre os estados foi amplamente divulgada e aceita e, com isso, o “voto de unanimidade”, corolário que acompanhava essa doutrina, tornou-se importante para respeitar aqueles estados que não consentissem acordar com determinadas decisões – e assim não serem dominados por decisões de potências ou maiorias.

Cem anos adiante, “potências” passou a ter o sentido de “grandes potências”, e o concerto delas ganhou espaço e governo livre no mundo, porém de forma inconstante e difícil. Antes de passar para o próximo item, convém mostrar uma rápida definição de potência, dentre muitas outras definições que podemos destacar na obra de Martin Wight: “Uma potência é simplesmente uma coleção de seres humanos seguindo certas formas de ação tradicionais, e, caso um número suficiente deles resolva alterar seu comportamento coletivo, é possível que tenham sucesso” (WIGHT, p.8). Isso pode ser interessante ao começar a falar de diferenças.






Como elas são diferentes das demais?


Primeiramente, Wight afirma que o princípio de autodeterminação nacional garante o direito de cada nacionalidade poder instituir um estado e assim tornar-se potência. O acordo de paz de 1919 havia sido uma reorganização da Europa de acordo com o princípio acima. Existem diferenças entre as próprias potências, ressaltando os pontos principais já discorridos, como a extensão territorial, a economia, a cultura etc. Elas são ainda consideradas no ponto de vista de Wight mais como um produto de acidente histórico do que como “encarnação” do direito nacional.

A Grã-Bretanha do século XIX destacou-se pela sua hegemonia naval, recuperada nas guerras revolucionárias e napoleônica. Após um momento de inimizades e de derrota, a partir de uma coalizão feita entre os Estados Unidos e outros estados durante a Guerra de Independência Americana, Grã-Bretanha reergueu-se para retomar seu lugar na influência mundial. 

Esse país estava entre outras potências, como afirma Eric Hobsbawm – França, Rússia, Áustria-Hungria, Prússia, Alemanha e Itália (após unificação). Porém, para a Grã-Bretanha, o século havia sido muito favorável, denotando a sua força naval e econômica, adquirida através de uma massiva distribuição de seus produtos manufaturados e de seu capital no mundo.

Os britânicos tinham como peculiaridade na época seu poderio naval, enquanto que os Estados Unidos, por exemplo, começavam a despontar sua força em terra. A Alemanha era reconhecidamente forte por terra já em 1898, além da França, inclusive. Esse panorama iria mudar somente com a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA definitivamente ganhariam destaque no poderio naval enquanto que a Rússia transformar-se-ia potência terrestre de grande relevância.

Apenas o fato de falar sobre as potências como se elas fossem uma pessoa agindo, seria uma conseqüência do nacionalismo do século XIX. Devemos perceber uma correlação mais complexa ao falarmos, por exemplo, que a Grã-Bretanha fez algo. Há, por trás “da Grã-Bretanha”, funcionários, entidades, pessoas. Tanto nos Ministérios, no governo, na Câmara, no eleitorado e até mesmo nas tradições culturais. Portanto, existem escolhas humanas por trás de qualquer ação de um país.

O poder dominante foi acompanhado também por um fator importante: a língua. O latim perdeu espaço como língua das relações internacionais para o francês, no século XVII. Mais tarde, o inglês despontava após a forte presença dos EUA e da Grã-Bretanha na Conferência de Paris. Isso pode ser um impulso para a influência de um estado no mundo. Na medida em que essa potência surge, mais a necessidade de conhecimento da linguagem que ela possui como tradição. 

A guerra foi um outro fator importante para distinção das potências. Aquelas que eram grandes potências possuíam interesses gerais, manifestavam a vontade de patrocinar conferências de paz, de convidar nações interessadas etc, enquanto que os outros, tratados como “resto”, seriam as potências com interesses limitados. Obviamente, ser grande potência garantia um status que o levava a ser de fato o agente em assuntos internacionais – dando-lhe direito de ter assento permanente no Conselho da Liga das Nações.

“Superpotência” foi cunhada para estados cuja relevância ainda se torna maior no panorama mundial. Há discussões teóricas a respeito dessa dominação, porém há de se destacar que existe uma diferença entre o que se denomina formal e outra substantiva – tênue contraste entre o que é reconhecido de maneira formal, e o que é evidentemente reconhecido por todos. Os motivos para se chegar à denominação de grande potência já foram explicitados, como campanha de guerra bem-sucedida, seu poder econômico etc.

No que cabe à atualidade, percebemos o despontar de novas potências mundiais, como a China (economia crescente desde 1991), o Brasil, a União Europeia, a Rússia e Índia, não porque se destacam em indústria nuclear ou bélica, por vitórias em guerras, mas sim porque se destacam no crescimento da economia, no aumento do PIB, nas reservas naturais e na sustentabilidade, e são agentes imprescindíveis nas questões multilaterais, diferenciando-se, assim, da visão do que seria uma potência antes do século XXI.

Conclui-se que, além de haver diferenças de cunho militar, político, econômico, social e cultural entre as potências, há também diferenças de cunho histórico, pois determinadas exigências e circunstâncias se adaptam à época, e certos países se encaixam ao perfil ideal, no momento certo, devido ao seu processo de desenvolvimento, como pude perceber durante a feitura deste trabalho.

Bibliografia:
BOBBIO, Norberto; MATTEUCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília: Editora UnB, 2000. 

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 

MAGNOLI, Demétrio. Relações Internacionais: teoria e história. São Paulo: Saraiva, 2006.

OLIVEIRA, Semi Cavalcante de. Evolução política e econômica mundial no período das duas grandes guerras. Revista da FAE.Curitiba, maio/ago. 2002.

WIGHT, Martin. A política do poder. Brasília, São Paulo: Editora UnB, IPRI e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.


“O Trem da Vida”, filme com direção de Radu Mihaileanu (1998).

 
A história se passa num shtetl (povoado judeu situado na Europa do Leste), em plena passagem da Segunda Guerra Mundial. Prestes a acontecer, de fato, uma invasão nazista nessa vila, Schlomo tem a seguinte idéia : encontrar um trem que pudesse levar toda a sua comunidade à Palestina, porém sem a interceptação dos nazistas. Com a união de todos os judeus do shtetl, tudo fora arranjado aos poucos, mas tendo a devida noção de urgência – o próprio trem, montado vagão a vagão, com as custas e as pechinchas conquistadas por um agiota da vila, o interior dos vagões, um maquinista (que não era profissional), combustível e... nazistas.

O trem deveria se passar por um transporte de judeus do exército nazista. Só assim o comboio (e todos os judeus ali presentes) passaria despercebido. Para isso, o conselho de sábios do shtetl decidiu escolher aqueles que, no grupo, se destacavam por não possuir um sotaque carregado e que possuiam alguma cultura germânica. Escolhidos os homens que interpretariam os nazistas, houve imersão cultural e devida preparação, seriamente feita por um abastado conhecido da aldeia, viajado e conhecedor da Alemanha atual. Ele ficou encarregado de, em pouco tempo, ensinar costumes, panorama ideológico nazi-fascista e língua alemã com o mínimo de sotaque possível. Mordechai mal sabia que ele ficaria encarregado de praticamente conduzir a salvação das vidas de sua comunidade. Ele faria o « papel » de comandante do exército. Vale lembrar que as roupas dos soldados e do comandante – além das pinturas e dos símbolos no trem - foram meticulosamente confeccionadas.

Tudo preparado, a comunidade sai durante o silêncio da noite, deixando algumas outras pessoas, mais distantes da aldeia, para trás. Após algum tempo de viagem, o trem « nazista » passa por uma estação, cujos controladores percebem que o transporte não seguia itinerário previsto no programa da estação, e alertaram as autoridades que, no caso, estavam sob controle do Führer. Durante boa parte do trajeto, um grupo de ativistas anti-hitlerista, achando que o trem realmente levava judeus para extermínio, tentava tirar a paz da viagem, instalando bombas na linha férrea, e preparando tiroteios contra o transporte.

A trama complica-se devido à total imersão dos judeus em outras culturas, a ponto de a própria comunidade entrar em conflito. Alguns jovens mantiveram contato com as idéias do Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx, e seguiram a idéia inabalavelmente, a ponto de não seguir os rituais vigentes no judaísmo. Criticavam a situação em que estavam no trem e começaram a reinvidicar . Mordechai entra numa crise existencial e não distingue seu papel de nazista no trem. Chega ao ponto de mandar neles com veemência!

Durante a trajetória, os judeus passam por muitos perigos, até o momento em que eles encaram um trem verdadeiramente nazista. Mordechai, que treinou o comportamento nazi-fascista e a língua alemã, teve um papel fundamental para a salvação dos seus próximos. Ele conversou com um verdadeiro oficial, e convenceu-o de que aquele trem estava sob sua responsabilidade.

Perto da fronteira com a Rússia, prestes a sairem do controle do Eixo, o trem novamente é pedido para ser revistado. O oficial « nazista » acha o sotaque de Mordechai estranho e duvida de que ele realmente é um deles. Os passageiros do trem, judeus, descobrem que todos, na verdade, estão encenando; o outro trem também era de judeus - inclusive o oficial que revistou Mordechai. Schlomo e seu amigo se reencontram e todos – os do trem de Schlomo e do seu amigo – vão juntos para a Palestina, desta vez num trem só.




O final do filme mostra que na verdade tudo aquilo era o sonho de Schlomo, que estava o tempo todo contando a história num campo de concentração. Tudo não passava de imaginação, em meio à crueldade dos nazistas. Era o desejo de que tudo poderia dar certo, se caso todos os judeus fossem nesse trem, sem medo, sem desespero, sem morte. Uma comédia que, sem dúvida, após o final, nos põe em reflexão, sobre a terrível realidade dos judeus naquela época.



https://www.youtube.com/watch?v=HqHTdkIwSZk

Filme Completo, com legendas em português

CARR, EH. Vinte anos de crise, 1919-1939: uma introdução ao estudo das relações internacionais. Editora Universidade de Brasília, 2002 - Imprensa Oficial do Estado: Editora Universidade de Brasília. Capítulo V, “A Crítica Realista”, de Edward H. Carr.




Edward Carr ressalta em seu capítulo V, “A Crítica Realista”, que o realismo entrou em cena bem depois da utopia e que veio justamente para reagir contra ela. O autor já havia apontado para a importância do Tratado de Paz de Westfalia e, posteriormente, a fundação da Sociedade Internacional Moderna. Dividia-se, então, o poder da Igreja, para que pudesse surgir a hegemonia dos Estados. É o ponto de partida para a assunção da hegemonia do pensamento realista no panorama mundial, na política internacional, mesmo que o idealismo tenha permanecido de pé até fins da Segunda Guerra Mundial.

Os princípios da doutrina de Maquiavel foram essenciais para a filosofia realista. São destacados os seguintes aspectos: a história como conseqüência de causa e efeito – compreensão não abstrata, mas sim com sério estudo e esforço intelectual; a teoria não é capaz de criar a prática, mas a prática cria a teoria, diferentemente dos utópicos e, por fim; a política, ainda diferentemente dos utópicos, não é uma função da ética, mas a ética é função da política (os homens são honestos por meio da coação).

Frente às mudanças do século XVIII, o que chamava a atenção era o fato de que tanto a utopia quanto o realismo incorporaram em sua filosofia a crença no progresso a ponto de haver um paradoxo – realismo, aparentemente mais progressista do que o ideário utópico, que consistia na crença de um padrão ético absoluto.

Quanto à causalidade na história, “ela é tão velha quanto a própria história” (p.88). Com a substituição da Providência Divina pela razão, filósofos como Hegel foram permitidos a criar, de forma inédita, uma filosofia que se baseia em conceber um processo histórico racional. E, tratando do ponto de vista histórico, a história em si só poderá ser julgada por padrões históricos. O pensador realista está apto a mostrar que as teorias intelectuais dos utópicos são historicamente condicionadas, portanto limitadas. 

Uns e outros pensadores trabalhavam o modo dos interesses individuais e nacionais, contribuindo para o arcabouço intelectual à disposição das pesquisas. Houve a necessidade de se ajustar o pensamento de forma objetiva, à parte e de maneira científica, tendo em vista que a filosofia é feita por “mortais” e, portanto, é feita por humanos, como nós.

O pensador realista deve expor, por exemplo, que a defesa que os estadistas fazem, a de que a política deduz de princípios éticos e não os princípios éticos deduzem da política, é falsa. Isso incita a um choque de idéias sobre ética – entre aquela do pensador realista e a dos estadistas que pretendem demonstrar uma visão idealista.

É defendida a idéia de que as teorias da moral são oriundas sempre de um grupo dominante, cujas facilidades são negadas aos grupos que são subordinados. Com isso, as teorias da moral internacional também seriam oriundas das nações dominantes. No texto, há também a crítica da harmonia de interesses feita pelos realistas. Essa harmonia, chamada como doutrina, serviria como um artifício moral por parte dos grupos dominantes, para que eles possam manter sua posição de influência. 

A defesa acima é apontada politicamente como uma “comunhão de interesses” pela manutenção da paz, “capitalizada da mesma forma por uma nação ou grupo de nações dominantes” (p. 180). Como exemplo, Carr ressalta o imperialismo romano e britânico disfarçada sobre a Pax Romana e a Pax Britânica. Seria como amenizar os interesses de supremacia, por meio de uma propaganda, se assim se pode dizer, de manutenção e divulgação de paz.

Dentro da harmonia de interesses, cabe expor, ultimamente, a crítica (realista) do internacionalismo, que seria uma forma peculiar da doutrina da harmonia de interesses. O autor define como local e período do início do internacionalismo moderno a França dos séculos XVII e XVIII, com a hegemonia francesa no auge.

Sempre os estados dominantes destacaram-se em suas propagandas de solidariedade internacional, em prol do controle de uma nação. Carr ressalta que esse desejo de solidariedade internacional envolve a esperança dos estados dominantes em controlar um mundo unificado. Convém também mostrar que o autor afirma que bases reais de princípios “declaradamente abstratos” – usados na política internacional põem em xeque a utopia, e convence ainda mais a condenação que o realismo faz daquela.