terça-feira, 21 de junho de 2016

Análise do Estudo de caso “Prospecção Internacional em Calçado Esportivo: Nike e Reebok” - Escola de negócios da Harvard, rev. 14 de julho de 1994.

O texto analisa economicamente o grande mercado de calçados norte-americano, chamado de “o maior mercado único do mundo, totalizando $116 milhões de dólares” - havendo significativo aumento no período de dez anos (1982-1992). 

Como principais empresas neste ramo dos negócios nos Estados Unidos da América (EUA) destacam-se duas: a Nike Inc. sediada em Oregon, e a Reebok Intl. Ltd. com base em Massachussets, ambas com 31,8% e 21,1% respectivamente, do mercado no país, bem à frente de Adidas, Converse (da All Star), LA Gear e Avia, por exemplo (p.1).

Essas duas maiores empresas citadas tornaram-se famosas graças às campanhas publicitárias “de alta visibilidade” e, também, devido ao apoio de alguns dos atletas mais famosos do mundo. Outra particularidade do avanço do progresso dessas duas empresas é que elas dedicaram seus esforços basicamente no desenho e na publicidade do produto, não produzindo, efetivamente, o produto.

Nike e Reebok contratavam redes de empresas na Coreia do Sul, Taiwan, China, Indonesia, Tailândia e Filipinas, que produziam os calçados conforme as especificações contratadas, seguindo fielmente os cronogramas de entrega e os padrões de alta qualidade.

Vale ressaltar que a mão-de-obra nesses países era (e continua sendo) muito barata e abundante, o que ajudou a Nike e a Reebok a manter baixos custos. Além disso, as duas empresas não gerenciavam de maneira direta uma operação de fabricação, e não tinham que atrelar o capital social à matéria-prima ou trabalho e em inventário de processo. Como curiosidade no texto, o único inventário em seus livros era de bens acabados. Dessa forma, as empresas norte-americanas minimizaram seus custos de insumo.

Do ponto de vista econômico, percebe-se que o grande sucesso das marcas deve-se fundamentalmente à gerência de manufatura dos produtos, à logística e à evolução das redes de fornecedores, sobretudo devido ao baixo valor da mão de obra asiática no processo de fabricação dos calçados.

Os anexos do texto mostram documentos acerca das relações jurídicas entre as empresas norte-americanas e as contratadas e fornecedores da Ásia, além de relatórios com resultados de pesquisas e pareceres de presidentes, gerentes e responsáveis. Embora considerem o valor de mão de obra reduzido, certificavam-se de que não havia exploração infantil e desvios nas regulamentações laborais, como aspectos de segurança e saúde.

Havia esses contratos com a finalidade de regulamentar o comportamento das fornecedoras, pois de fato era muito fácil burlarem as garantias fundamentais dos trabalhadores longe dos olhos dos administradores centrais, americanos.

No entanto, as condições de trabalho ainda eram precárias, mesmo com a tentativa de regulamentação, o que se pode perceber na Indonésia, por exemplo, onde salários eram muito abaixo do recomendado e insuficiente para arcar com despesas básicas.

Tal realidade na Ásia tornara-se insustentável para a Nike, uma vez que os lucros atingiam níveis estratosféricos, que não se relacionavam com a qualidade do trabalho executado nas fornecedoras (produtoras). 

Obviamente, ao ser questionado, o CEO da Nike defendeu a empresa, além de se mostrar solidário com os trabalhadores da Indonésia. Da mesma forma foi com a Reebok, que também fora criticada pela realidade encontrada em suas produtoras, onde não havia respeito aos direitos trabalhistas e aos direitos humanos.

O estudo de caso mostra, em perfeita metodologia, e de acordo com a ciência (neste caso, a social), que ainda existe um preço a ser pago pelo lucro exorbitante de empresas famosas; esse preço é pago pelos próprios trabalhadores desvalorizados, no anonimato, com suor, sangue e lágrimas. Neste caso, até os dias de hoje, deverá haver constante observação e crítica por parte de instituições que se dedicam à aplicação correta dos direitos laborais e humanos, em níveis nacional e internacional.

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